Quando o assunto é gerenciar informações de forma eficiente, a modelagem de dados entra em cena como a estrela principal. Mas o que exatamente significa “modelar dados”? Em termos simples, é o processo de criar uma representação conceitual dos dados e das relações entre eles, com o objetivo de organizar, estruturar e definir como essas informações serão armazenadas e manipuladas em sistemas de informação. Agora, vamos destrinchar isso nos principais modelos e tecnologias envolvidas nesse universo.


Modelo Entidade-Relacionamento (ER)

O Modelo Entidade-Relacionamento, desenvolvido por Peter Chen em 1976, é um dos pilares da modelagem de dados. Ele é usado para representar graficamente os elementos essenciais de um sistema: entidadesatributos e relacionamentos. Imagine que você está criando um banco de dados para uma livraria. As entidades poderiam ser “Livro”, “Autor” e “Cliente”. Cada uma dessas entidades possui atributos, como o título do livro, nome do autor e o CPF do cliente. Os relacionamentos conectam essas entidades, como “um autor escreve vários livros” ou “um cliente compra múltiplos livros”. Os diagramas ER ajudam a visualizar a estrutura dos dados antes mesmo de qualquer linha de código ser escrita. Essa abordagem é fundamental para identificar redundâncias e garantir a integridade dos dados.

Modelo Relacional

O Modelo Relacional, proposto por Edgar F. Codd na década de 1970, trouxe uma revolução na forma como os dados são armazenados e acessados. Nesse modelo, os dados são organizados em tabelas (ou relações), compostas por linhas (ou tuplas) e colunas (ou atributos). Cada tabela representa uma entidade, e as chaves primárias e estrangeiras são usadas para definir os relacionamentos entre essas tabelas. Por exemplo, a tabela “Livros” poderia ter colunas como ID, Título e ID_Autor, enquanto a tabela “Autores” teria ID e Nome. O campo ID_Autor na tabela “Livros” seria uma chave estrangeira que referencia o ID da tabela “Autores”.

Esse modelo é a base dos Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados Relacionais (SGBDR), como MySQL, PostgreSQL e Oracle.

Mas afinal, qual a diferença entre elas ?

AspectoModelo Entidade-Relacionamento (ER)Modelo Relacional
Nível de AbstraçãoFocado na representação conceitual dos dados, utilizando entidades, atributos e relacionamentos para descrever a estrutura de um sistema de forma independente de implementações técnicas. Concentra-se na organização lógica dos dados em estruturas chamadas relações (tabelas), onde os dados são armazenados em linhas (tuplas) e colunas (atributos).
PropósitoServe como uma linguagem comum entre analistas e desenvolvedores, facilitando o entendimento dos requisitos do sistema e a estrutura dos dados.Base para sistemas de gerenciamento de bancos de dados relacionais (SGBDR), definindo como os dados são armazenados, manipulados e consultados usando linguagens como SQL.
Componentes PrincipaisEntidades (objetos ou conceitos do mundo real), atributos (propriedades dessas entidades) e relacionamentos (associações entre entidades). Tabelas (relações), colunas (atributos) e linhas (tuplas), com ênfase em chaves primárias e estrangeiras para estabelecer relacionamentos entre tabelas.
Fase de UtilizaçãoUtilizado na fase de design para mapear os requisitos de dados de forma abstrata. Empregado na fase de implementação, estruturando os dados de acordo com as regras formais das bases de dados relacionais.

Em resumo, o Modelo ER oferece uma visão conceitual dos dados, enquanto o Modelo Relacional fornece a estrutura lógica para a implementação prática em sistemas de banco de dados.

Modelo Multidimensional

Quando o foco é Business Intelligence (BI) e Data Warehousing, o Modelo Multidimensional é o protagonista. Esse modelo organiza os dados em “cubos”, permitindo a análise de grandes volumes de informação sob diferentes perspectivas, conhecidas como dimensões. Imagine uma empresa de vendas que quer analisar o desempenho dos produtos. O cubo de dados poderia ter dimensões como “Tempo”, “Produto” e “Região”. Assim, seria possível responder perguntas como: Qual foi o produto mais vendido em janeiro na região sul? ou Como as vendas evoluíram ao longo do ano?

Esse modelo é amplamente usado em ferramentas de análise como o Power BI e o Tableau.

Para ilustrar o conceito de Modelo Multidimensional em Business Intelligence (BI) e Data Warehousing, considere a seguinte representação:

Esquema Estrela (Star Schema): No centro da imagem, há uma Tabela Fato intitulada “Vendas”, que contém dados quantitativos como “Quantidade Vendida” e “Valor de Venda”.

Tabelas Dimensão: Ao redor da Tabela Fato, estão dispostas várias Tabelas Dimensão, cada uma conectada à Tabela Fato por linhas que representam chaves estrangeiras.

Exemplos de dimensões:

Dimensão Tempo: Detalha atributos como “Ano”, “Trimestre”, “Mês” e “Dia”.

Dimensão Produto: Inclui “ID do Produto”, “Nome”, “Categoria” e “Marca”.

Dimensão Cliente: Abrange “ID do Cliente”, “Nome”, “Segmento” e “Localização”.

Uso de um SGBDR

Um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados Relacional (SGBDR) é o software que implementa o modelo relacional, permitindo criar, manipular e administrar bancos de dados. Exemplos populares incluem MySQLPostgreSQLOracle Database e SQL Server.

Esses sistemas oferecem funcionalidades como:

  • Controle de concorrência: permitindo que múltiplos usuários acessem os dados simultaneamente sem conflitos.
  • Segurança: controle de acesso e permissões.
  • Backup e recuperação: para garantir a integridade e disponibilidade dos dados.

A modelagem de dados é a base para a utilização eficaz de um SGBDR, pois define como os dados serão estruturados e acessados.


Portanto a modelagem de dados é muito mais do que apenas desenhar diagramas bonitos. É a habilidade de estruturar informações de forma que sejam fáceis de armazenar, acessar e analisar. Seja através do Modelo Entidade-Relacionamento, do Modelo Relacional ou do Modelo Multidimensional, cada abordagem tem seu papel no ecossistema de dados. E com o SQL e os SGBDRs, temos as ferramentas para transformar esses modelos em soluções concretas e eficientes.


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